segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Zero e um

Versão encurtada 

Vejamos, com nossos antiquados olhos
Sabendo que somos observados.

Enquanto escrevo me doem:
Pobres pupilas fuziladas...
Foi um helicóptero Apache. Pois,
Sei, não me contaram, não desconfiava.
Olho com meus binóculos, não vi.

Eles sabem tudo sobre mim, sobre você!

Eles sabem o que precisam saber.
Se nenhum pouco nos amam
Contamos com que demorem
Para nos prender, e nos amar


Enquanto soa no fogo cruzado
O som que é tocar meu lábio no seu.

Adri

Versão encurtada do poema

Adri

Jovem,
Guiando os raios do sol sob o mar imenso
Tua sabedoria encandeia o oceano escuro
Pela noite afora atrás de jangadeiros a deriva
Encantados pelo mar que tu adora. Serenas palmas.
Eles precisam de tuas mãos, de teus versos
Para encantá-los de volta, e irromper a madrugada
No horizonte cinza: aí vem o caos, a tempestade.
Amanhecerão segurados nas tuas mãos luminosas
Mãos da manhã que acariciam frontes doidas.
Amanhacerão no fim do mundo, como amanheço
Hoje, como eu amanheço contigo.

domingo, 13 de novembro de 2011

Preso e Liberto

A necessidade de mudança
É igual a pretensão de liberdade
Que não é conceito algum - escrito
Que não é necessidade alguma - gritada
Mas um movimento instintivo - silencioso.
Não poderemos ficar presos
Por muito tempo as mesmas grades.
E se, mesmo presos, levarmos a prisão
Para onde a liberdade é apreciada.
São fatos, pois só existe cárcere
Aonde é ou se pretende ser livre.
Materializadas as grades a seus cativos,
Em campos de concentração modernos,
É o nosso infâme sistema que diz:
Todos os homens são iguais e livres.
A civilização universalisou muita coisa:
Apresentou a liberdade como realizada
Apresentou a "ordem" como intransponível,
Para assim eternizar a guerra. Desmoronará
Ou a ordem ou o sonho destes que sonham
E choram o peso sob que resistem.
Policiam-nos, pois as ideias são perigosas.
 

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Universidade nos muros

Que os muros sejam meus cadernos de estudo
A onde eu escreva o saber para que todos vejam
As belezas, e as feridas abertas do mundo.

Serei livre, mesmo algemados meus punhos;
A ordem será denúncia, tentarão calar a força
Sonhos de liberdade que traçam meus rumos.

Falsa liberdade, falsa, observada por mentes livres
Porque o espírito humano jamais é contido pelas armas
Nas mãos: livros, ideias; mãos de, inventores, atores, artífices.

Criam novos significados, desconstroem paradigmas
Armam-se de flores, invés de gatilhos e pólvora
Pensar os movimenta - toma de assalto mentes paralíticas.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Meu poema

Vou escrever um poema,
Apesar de muitas tarefas,
Mais importa esse poema.
Não vou dizer nada demais,
Nada de complicado,
Nada muito fantasioso,
Nada muito crítico,
Nada muito luminoso,
Mas não posso tirar
O enfadonho do meu poema.
Como a tarde repleta de ausências
O poema busca o invisível,
O poema busca a presença,
De quem não está aqui,
De quem se pensa e não vê,
De quem abraça e sente o vazio,
De quem deita e não sente descanso.
Para ser nunca de quem se ama
E os sem posses continuam presos,
No meu poema.

domingo, 11 de setembro de 2011

Desisto

Desisto
Insisto em desistir
De desistir de tentar
De existir

Senhora

Senhora
Lavo minhas mãos no que o sangue molha
Na noite que persegue mais grandiosa que a tua bondade
Novilho de tua alma, sincero ao que me rodeia.
Mas a navalha que corta o tempo que me resta.

A verdade pura como o tua suplica a paz,
A piedade infeliz que me condenou
Partilha entre o ouro e o amargo desse feitiço
Nas mãos: tenho a dúvida entre desejo e a minha vida.

Derramo aos teus pés os sentimentos mais felizes
Entrego-te o meu sangue, que vê em meus olhos
Quem tornou essa luz em escuridão...

Derramou na tua aura o meu "eu" mais gentil
O que espera a sombra que me persegue,
A cada noite, faça mais uma prece senhoril?